Efemeridade

Com um olhar distante, olhos meio vagos, meio fixos, mas detidos no horizonte.
Começo a pensar do porquê de tanta efemeridade nos relacionamentos atuais, da falta de proximidade, cumplicidade, companheirismo, amizade, curiosidade, compaixão.
Parece que tudo começa, mais não criam-se vínculos sólidos, prazer de estar com o outro, alegria nas descobertas em comum, dividir sensações, emoções, convívio, rotina.
Não se vê mais tolerância e paciência entre os casais, respeito pelas diferenças, vibrar com a vitória do outro. O que se vê, é cada vez mais individualismo, egoísmo, inveja (sim, entre casais há inveja e disputa), comodismo, aparências.
Fico pensando o que mais motivou à isso, porque desde que o mundo é mundo, as pessoas se relacionam, formam famílias e de uns anos para cá, é cada mais expressivo o número de pessoas inteligentes, graduadas, pós-graduadas, com bons empregos, mas cada vez mais sozinhas e reclamando de solidão, da falta que faz um par nas suas vidas. Mas porque?
Aí muitos homens vão dizer : "Ahhh hoje em dia as mulheres não querem mais nada sério, só curtição" e as mulheres dirão a mesma coisa" Ahhh esses caras, não tem firmeza no que querem, não levam mulher nenhuma à sério, não querem compromisso, preferem só ficar, sem elos e vínculos porque é mais cômodo" .
Pois é, as mesmas reclamações dos dois lados, e aonde está a resposta? De qual lado vem ?
O engraçado, é que todas as pessoas que eu converso, sejam homens ou mulheres dizem a mesma coisa; que são pessoas sérias procurando um relacionamento sério e estável. Oras, então como ainda existe tanta gente sozinha, se todos estão buscando a mesma coisa ?
Eu não consigo compreender, parece-me este o século da solidão ?!
Acho mesmo que hoje em dia, com tanta falta de opção legal de encontrar alguém que queira mesmo um relacionamento sério, que seja sincero, de boa família e formação, estável tanto emocionalmente quanto financeiramente, que homens e mulheres, estão preferindo pensar mil vezes, antes de trocar sua liberdade, sua individualidade, para ficar investindo em qualquer pessoa e dividindo seu mundo com alguém que não valha mesmo à pena, que não esteja na mesma sintonia.
Mas como descobrir, se não tentarmos? Medo de arriscar ? Mas viver já é correr riscos.
E assim, vai caminhando a humanidade, buscando, tentando (menos que outrora), encontrar a sua cara-metade, alguém que seja o encaixe "perfeito" ou mais perto da perfeição possível para compartilhar uma vida
à dois.
Enquanto isso, continuamos, seguindo à sós o nosso caminho, apenas com a nossa própria companhia, que diga-se de passagem, às vezes é mil vezes melhor.